Edição: 31/03/08

CIDINHO " O Juiz Bola Nossa" – Causos do Futebol

 

Durante anos o Atlético Mineiro se beneficiou da paixão de alguns juizes, especialmente para ajudá-lo. Não ter seu busto entronizado na sede de Atlético Mineiro é a grande mágoa de Cidinho. Não pertencer ao Conselho do clube é a queixa de Geraldo Fernandes. Não ser chefe da sua torcida é a reclamação de João Felix Junior. Suportar a fama de Quim-Quim Carijó chega a decepcionar Joaquim Gonçalves. Estes juizes reclamam uma recompensa do Atlético pelos anos de apito fiel. Todos confessam sua paixão pelo clube, mas juram também que jamais receberam dinheiro para ajudar o clube. Era um caso de amor desinteressado.

O apelido

Nos 25 anos como juiz, Cidinho – Alcebíades de Magalhães Dias – escapou de muitos linchamentos e ganhou o apelido de Bola Nossa devido ao seu amor pelo Atlético Mineiro. Ele mesmo conta esta história – “Atlético e Botafogo jogavam na inauguração do estádio do Cruzeiro em 1949. Afonso e Santo Cristo disputavam a bola para saber de quem era o lateral. Quando o beque do Atlético me perguntou de quem era a bola, deixei escapar uma frase que me acompanhou para o resto da vida – É nossa, Afonso, a bola é nossa”.
O entusiasmo foi tão grande que Santo Cristo saiu sorrindo e contou aos companheiros. Augusto Rocha, jornalista de O Veneno, ouviu tudo e no dia seguinte conseguiu vender mais de 2000 exemplares em Belo Horizonte com a seguinte manchete – O Galo pariu um rato.
Cidinho confessa que sempre foi assim desde do começo quando trocou o cargo de repórter da extinta Folha de Minas pelo apito parcial. Sua primeira atuação importante foi em um Atlético e América, jogo chave para decisão do titulo de 1945. E Cidinho relata – “Na primeira falta expulsei o ponta do América Fernandinho. A torcida do Atlético aplaudiu e eu me senti realizado”.

Prestígio

Por causa da derrota, que lhe valeu a perda do campeonato, o América nunca perdoou Cidinho. Chegou a liderar, com o Cruzeiro, um movimento para expulsa-lo da Federação, mas não conseguiu. O Atlético era muito forte.

Por causa do Atlético, Cidinho tem o que talvez seja recorde mundial de trabalho em campo, quando Asas e Sete, dois times extintos, jogaram durante três horas e dez minutos, no campo do Cruzeiro. –“Ajeitei a situação para que o gol não saísse. O vencedor ia jogar três dias depois com o Atlético, e o negócio era cansar o adversário”.
Num jogo entre Bela Vista e Siderúrgica, cujo resultado interessava ao Atlético, Cidinho quase foi linchado em Sete Lagoas. O juiz queria o empate e os time queria a vitória. Venceu o juiz. Ele quase morreu. Entrou nos vestiários do Bela Vista e se enfiou no saco de camisas. O massagista do Siderúrgica não conseguiu encontrá-lo. Outra vez em Barão de Cocais, Cidinho marcou um pênalti (?) contra o Metalusina aos 40 minutos do segundo tempo. O Atlético venceu com aquele gol, mas o juiz ficou no meio do campo cercado pela policia e só saiu as 3 horas madrugada. E só saiu vestido de cigana, conseguindo enganar a população enfurecida.


 
 
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